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domingo, 29 de março de 2015


OS INEXPLICÁVEIS BARULHOS DO ESPAÇO 


 O  interessante deste fato é que ninguém conseguiu explicar o que acontece e de onde vem estes sons. Assim o espaço sideral não é tão silencioso quanto parece. Ele faz barulho. Vários barulhos. Só não dá para ouvir porque esses sons são extremamente sutis. Você precisaria ter uma audição absurda, infinitamente maior que a de qualquer coisa viva, para escutar essa sinfonia cósmica. Então pode esquecer. Mas o que não falta agora são astrônomos tentando driblar essa limitação, usando os maiores amplificadores da história em busca dos sons do Universo. E eles têm um ótimo motivo para isso: o barulho cósmico pode desvendar os corpos mais misteriosos que existem, os buracos negros. E, se dermos sorte, os sons do silêncio poderão trazer algo bem maior: provar que existem outros Universos além do nosso. 

O hábito de ouvir o espaço não tem nada de novo. Há décadas os cientistas apontam antenas para o espaço com o objetivo de captar as ondas eletromagnéticas que ele transmite. É que todo corpo celeste funciona como uma espécie de emissora de rádio: solta ondas que, com a ajuda de uma antena qualquer, podem ser traduzidas na forma de sons. Essa técnica, a da radioastronomia, já existe desde os anos 30 e foi responsável por descobertas fundamentais da astronomia - como os quasares, as galáxias jovens e hiperativas. Mas nada se compara ao que os sons do Universo poderão nos revelar no futuro, conforme desenvolvemos uma nova maneira de ouvi-los: a detecção das ondas gravitacionais.

A última previsão de Einstein

Talvez não exista um físico com mais previsões fantásticas confirmadas que Albert Einstein. Mas existe ainda uma predição dele que escapou a todas as detecções: a existência das ondas gravitacionais. Ao perceber, com sua teoria da relatividade geral, que objetos distorciam o próprio espaço (não o espaço sideral, mas a própria dimensão de espaço, que os físicos chamam de "tecido espaço-tempo"), Einstein concluiu que, ao se moverem, objetos produziriam marolas de natureza gravitacional no próprio tecido do vazio cósmico. Em outras palavras, o movimento de um objeto com muita massa, como um buraco negro, faria com que o espaço a seu redor se comprimisse e expandisse, na forma de ondas minúsculas, igual acontece quando você joga uma pedra num rio - só que nesse caso o próprio vazio faz o papel da água. Essas distorções se propagam na velocidade da luz e, em tese, podem ser detectadas. "Em essência, o espaço vibra como um tambor", explica Janna Levin, pesquisadora da Universidade Columbia que trabalha com uma linha de pesquisa singular: ela simula como soariam as ondas gravitacionais de certos objetos. "O Universo tem uma trilha sonora, um registro que reverbera por todo o Cosmos, revelando detalhes de dramáticas sequências de eventos."

Talvez essa nova versão do que seriam os sons do Universo seja ainda mais realista que a ligada à da s ondas de rádio. Afinal, enquanto os radioastrônomos trabalham com emissões que não começam como um som, mas como disparos de energia, e só viram barulhos depois de passar por nossos receptores e ser convertidas, as ondas gravitacionais se parecem mais com o que são suas equivalentes sonoras, transitando como vibrações pelo próprio tecido do espaço. Esse tecido invisível faria o papel que o ar tem na Terra, o de propagar sons. 

Para você escutar ondas gravitacionais a "ouvido nu", porém, só se estivesse ao lado de alguma catástrofe cósmica, capaz de gerar uma tempestade de ondas gravitacionais. Uma catástrofe como um buraco negro engolindo outro, coisa que faria seus tímpanos vibrarem no próprio vácuo (o som seria o de estalos). 

Mas claro: se você estiver próximo de algo assim, esse será o último som que você vai ouvir na vida - os buracos negros iriam tragar seu corpo mais hora menos hora.

O jeito, então, é tentar ouvir essas ondas daqui mesmo. Diversos detectores, com várias tecnologias diferentes, estão sendo criados para isso. Inclusive na USP, onde o detector Mario Schenberg (batizado em homenagem ao famoso físico brasileiro), com sua forma esférica, segue sendo calibrado para participar da caça às ondas gravitacionais. Com ele, quando estiver em pleno funcionamento, especula-se que seja possível detectar as marolas produzidas por explosões de supernova e até mesmo o nascimento de buracos negros.

"Esses objetos podem ser ouvidos, mas não vistos", diz Levin. "Eles são negros contra o céu negro. Mas, como martelos num tambor, podem produzir uma música no próprio espaço, na forma das ondas gravitacionais."

"O Schenberg também será capaz de captar o sinal da colisão de duas estrelas de nêutrons. No impacto, elas combinam sua massa e acabam se tornando um buraco negro", explica Odylio Aguiar, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que trabalha no projeto brasileiro. Entretanto, as coisas realmente radicais só poderão ser observadas com detectores mais caros e sofisticados, como o americano Ligo (que envolve duas imensas construções com lasers e tubulações com 4 quilômetros de extensão) e o Lisa, uma parceria entre a Nasa e a ESA (Agências Espaciais Americana e Europeia) que pretende fazer o negócio numa escala ainda maior, com satélites no espaço. Até agora, só o Ligo saiu do papel, mas nenhuma onda gravitacional foi detectada.

O ELEVADOR DO ESPAÇO

O ELEVADOR DO ESPAÇO

UMA TORRE DE BABEL?
É incrível a imaginação do homem e como é fascinante a sua execução!        Com 8.848 metros de altura, o monte Everest é o ponto mais alto do planeta Terra. Para chegar até o topo, são necessários pouco mais de dois meses de escalada, incluindo-se nesse período o tempo preciso para aclimatação nas mais diversas altitudes. A expedição é cara e, pelo esforço, ainda é uma aventura para poucos.
Imagine que fosse possível instalar um elevador ao lado do monte. A viagem teria o custo e o tempo reduzidos e, de quebra, se tornaria acessível para muitos que nem imaginam como é escalar uma montanha. Agora imagine ampliar essa altura, construindo um elevador capaz de ir de um ponto qualquer do planeta Terra até o espaço.
Por enquanto, a ideia é apenas conceitual, mas já há diversos grupos de cientistas pesquisando a viabilidade de construção de um elevador espacial. O equipamento permitiria substituir a propulsão por foguetes, utilizada atualmente nas viagens espaciais, por uma estrutura em que veículos se deslocariam em um cabo, levando cargas para o espaço e trazendo-as de volta.

Um elevador até o espaço: isso é possível?


(Fonte da imagem: NASA)
Em teoria sim, é possível construir uma estrutura fixa que ligue um ponto no solo da Terra até o espaço. Entretanto, até há muito pouco tempo não havia tecnologia disponível para levar em consideração essa ideia. O conceito não é exatamente uma novidade. Ele surgiu no século XIX, quando o cientista russo Konstantin Tsiolkovsky concebeu esboços muito similares ao que é pesquisado na atualidade.

(Fonte da imagem: LiftPort Group)
O projeto começou a ser definitivamente levado a sério em 1999, quando pesquisadores da NASA, em conjunto com a LiftPort Group, começaram a aprofundar suas pesquisas nessa área. Alguns protótipos, em escala reduzida, já foram testados e o grupo já tem, inclusive, permissão para usar o espaço aéreo para conduzir os experimentos.

João e o pé de feijão: entendo a teoria

(Fonte da imagem: Tecmundo)
Os elevadores espaciais também são conhecidos como beanstalks (“pés de feijão”, em tradução direta) numa alusão à história “João e o Pé de Feijão”: após plantar sementes mágicas, João obtém um pé de feijão gigantesco capaz de fazer com que ele alcance o céu. Grosso modo, seria exatamente esse o modo de funcionamento de um elevador espacial.
O cabo teria a impressionante extensão de 100 mil km. Fino e com apenas 5 cm de espessura, a estrutura seria composta por nanotubos de carbono entrelaçados fixados em uma plataforma no planeta Terra. Para que ele pudesse manter a sua estabilidade, na outra ponta do cabo seria preciso contar com uma espécie de contrapeso.
Para isso, toda a estrutura seria enviada para o espaço enrolada em forma de carretel. Ao chegar a um determinado ponto, o ônibus espacial soltaria aos poucos a estrutura, que seria desenrolada até chegar à atmosfera terrestre. O cabo seria capturado e preso a uma base, criando assim uma espécie de trilho.
Alguns projetos iniciais chegaram a cogitar a utilização de um asteroide como contrapeso. O projeto, todavia, foi descartado. A proposta atual prevê a utilização da própria espaçonave enviada ao espaço parte da estrutura a ser montada. Ao trilho, seriam ligados içadores mecânicos, capazes de transportar blocos de carga. Um mecanismo de tração com cilindros se prende à estrutura, fazendo com que o elevador possa enviar e receber as cargas.
Os elevadores se movimentariam a uma velocidade média de 190 km/h, podendo transportar até 13 toneladas de carga num espaço de 900 metros cúbicos. A maior vantagem ficaria por conta do custo de transporte. Enquanto as missões atuais são orçadas em US$ 22 mil por quilo enviado ao espaço, com os elevadores o custo cairia para US$ 880 por quilo.

Realidade x sonho

(Fonte da imagem: LiftPort Group)
Se em teoria é possível construir um elevador espacial e já existem os materiais disponíveis para isso, na prática, tornar o projeto realidade não é uma tarefa tão simples. Os investimentos em pesquisa e em matéria-prima para construção são elevadíssimos e algumas estimativas apontam para uma cifra de R$ 35 bilhões.

Embora a NASA tenha um grande interesse no projeto, que tornaria o transporte espacial muito mais barato, ainda não há fórmulas concretas capazes de viabilizar um projeto de escala tão gigantesca. Nos últimos anos, a agência espacial norte-americana destinou cerca de US$ 28 milhões às pesquisas relacionadas ao tema, valor considerado pequeno.